Inteligência artificial no trabalho; IBM demitiu 8 mil funcionários para trocar por IA — e teve que recontratar por causa da própria IA

Inteligência artificial no trabalho representada pela sede da IBM com fachada espelhada

A inteligência artificial no trabalho vem transformando profundamente o ambiente corporativo. Um dos casos mais emblemáticos dessa mudança é o da IBM. Em 2023, a empresa demitiu cerca de 8 mil funcionários e substituiu parte significativa desses cargos por sistemas automatizados. No entanto, o que parecia um caminho sem volta revelou-se mais complexo do que o previsto. Com o avanço da IA, a companhia precisou recontratar milhares de profissionais, provando que a tecnologia também cria novas demandas humanas.

Aposta ousada: demissões em massa e automação acelerada

Enquanto outras gigantes, como Google e Spotify, também reduziam suas equipes, a IBM cortou 7.800 postos de trabalho. A justificativa? Cerca de 30% das funções poderiam ser automatizadas, segundo projeções da empresa. O objetivo era claro: enxugar custos e aumentar a eficiência por meio de soluções tecnológicas.

O CEO Arvind Krishna explicou ao The Wall Street Journal que a estratégia permitiu direcionar investimentos para áreas prioritárias, como engenharia de software, vendas e marketing. Curiosamente, apesar das demissões, o número total de funcionários aumentou.

“A automação nos deu recursos para investir em outras áreas”, afirmou Krishna.

AskHR: a IA que revolucionou o RH da IBM

Uma das áreas mais impactadas foi o setor de recursos humanos. Desde 2021, a IBM já utilizava o AskHR, um sistema de IA desenvolvido para assumir tarefas operacionais, como folha de pagamento e movimentações internas. Em 2024, o sistema registrou mais de 11,5 milhões de interações e resolveu 94% delas sem ajuda humana, economizando impressionantes US$ 3,5 bilhões.

Além disso, o desempenho da ferramenta melhorou drasticamente a percepção interna da empresa. O NPS (Net Promoter Score) subiu de -35 para +74, um avanço significativo que mostra como a tecnologia pode elevar a qualidade dos serviços internos.

IA gera demissões, mas também novas contratações

Apesar de eliminar funções repetitivas, a adoção da IA gerou uma consequência inesperada: a necessidade crescente de talentos humanos para operar, supervisionar e aprimorar os sistemas automatizados. Assim, a IBM voltou a contratar milhares de profissionais, não apenas em áreas técnicas, mas também em setores como vendas, atendimento e estratégia.

Esse cenário demonstra um paradoxo importante: embora a tecnologia substitua funções, ela também estimula o surgimento de novas carreiras e oportunidades. Ou seja, a IA não representa apenas uma ameaça ao emprego — ela redefine o papel dos profissionais.

Outras empresas seguem o mesmo caminho

A IBM não está sozinha nessa jornada. Em 2025, empresas como o Duolingo também investiram pesado na automação, substituindo departamentos inteiros por IA. No entanto, muitas enfrentaram dificuldades com as limitações desses sistemas e precisaram recontratar rapidamente — muitas vezes via plataformas como o LinkedIn.

Segundo o relatório The Future of Jobs Report 2025, do Fórum Econômico Mundial, até 2030 a automação pode eliminar até 92 milhões de empregos. Por outro lado, o estudo aponta a criação de diversas funções em áreas emergentes, destacando a importância de adaptação constante.

O futuro do trabalho será híbrido

A lição que a IBM e outras empresas aprenderam é clara: tecnologia e trabalho humano não são inimigos, mas complementares. A colaboração entre IA e pessoas pode aumentar a produtividade, liberar tempo para atividades mais criativas e promover avanços estratégicos.

Portanto, o futuro do trabalho não será marcado pelo fim dos empregos humanos, mas por uma transformação profunda. As organizações que souberem equilibrar inovação com valorização de talentos terão vantagem competitiva nos próximos anos.

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